“Se
se quer comer um bolo e se tem todos os ingredientes, farinha, açúcar, ovo,
leite, fogo, etc., não se terá um bolo. É preciso saber reuni-los nas
quantidades certas, seguir uma receita, levá-lo ao forno. Cozinhá-lo. Depois
comê-lo. Com parcimônia, para não dar indigestão.”
Milton
Lins
Certa
vez, fiquei pensando sobre o nosso tão delicioso Bolo de Rolo e percebi que não
sabia quase nada sobre o mesmo. Vou contextualizar na primeira sessão do post,
um pouco sobre a história dos bolos, em geral; em seguida, falarei especificamente
sobre o Bolo de Rolo. Vamos aos fatos!
Três anjos se dirigiram à casa de Abraão
e Sara para anunciar que, mesmo velhos, teriam filhos. De acordo com a Bíblia,
Abraão pediu à mulher: “Depressa, amasse três medidas de flor de farinha e faze
bolos” (Gênesis, 18,6). Por esse tempo, qualquer massa adocicada era
indistintamente chamada de pão ou bolo. Naquela época, não existiria melhor
maneira de celebrar com os visitantes uma dádiva que era concebida por Deus.
Assim como Abraão e Sara, os homens vêm repetindo este
gesto de comunhão, em volta de bolos, ao longo da história da humanidade. Os
primeiros registros remontam à Palestina, 7.000 anos antes de Cristo, quando
encontraram painéis ilustrando a confecção de pães e bolos na pirâmide do faraó
Ramsés II. Com os gregos a pastelaria começou a ser valorizada, ganhando novas
formas na decoração e apresentação. Usavam farinha, mel e queijo branco ou
azeite, que mais tarde seria substituído por manteiga. No bazym, um tipo de bolo mais sofisticado, acrescentavam-se ameixas,
figos secos, nozes, romã e uva.
Os romanos só vieram se interessar pela
pastelaria bem mais tarde, quando importaram profissionais gregos. Novos bolos
foram criados a partir de então. O libum,
feito com uma libra (equivale a 0,4535923 quilograma) de farinha, duas libras
de queijo e um ovo. O spherita, com
forma esférica e frito. O confarreatio, servido
no confarreo, casamento solene, com
dez testemunhas. E o placenta, feito
com queijo e mel, em camadas sobrepostas.
O colonizador português quando aqui
aportou, trouxe consigo suas próprias receitas. Algumas permaneceram conforme
as receitas lusitanas. Entretanto, algumas tiveram que ser adaptadas,
substituindo alguns ingredientes que só existiam na cozinha da Corte, pelos
ingredientes da nova terra. O primeiro bolo que aqui chegou, foi um bolo seco
de amêndoas, conhecido como farteis, que foi servido aos índios, mas que não
fez sucesso algum.
Com as adaptações ocorridas, em terras
pernambucanas, surgiram dentre outros o tradicional Bolo de Rolo, a partir de
uma adaptação do bolo colchão de noiva português- trocando o recheio de
amêndoas por goiabada e retirando o fermento da massa. Passou-se a enrolar esse
bolo em camadas bem finas, com o auxílio de um rolo, por isso seu nome.
Pelo
fato de ter alcançado sucesso nacional, o bolo é produzido pelas diversas
cozinhas brasileiras, entretanto, os que mais se destacam, pelo sabor, aroma,
textura e sobretudo, pela delicadeza ao enrolar as camadas são os produzidos em
nosso Estado. Pelo seu valor e sucesso o Bolo de Rolo em 2008 passou a ser
considerado Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Pernambuco.
Agora que ficamos conhecendo um pouco da
história desse bolo tão saboroso, pegue sua receita, faça seu bolo e reúna sua
família, os amigos e saboreie essa
verdadeira obra da gastronomia pernambucana.
Por
Luis Eugênio Alves de França!
Disponível
em:
CAVALCANTI, Maria Letícia Monteiro. História dos Sabores
Pernambucanos/ Maria Letícia Monteiro Cavalcanti. Recife: Fundação Gilberto
Freyre, 2009.
1 comentários:
MINHA TIA FAZ ESTE BOLO E É UM MANJAR DOS DEUSES.HUMMMMMMMMMMMMMMMM DELÍCIA.
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