Hum... Bolo de Rolo!!!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

 “Se se quer comer um bolo e se tem todos os ingredientes, farinha, açúcar, ovo, leite, fogo, etc., não se terá um bolo. É preciso saber reuni-los nas quantidades certas, seguir uma receita, levá-lo ao forno. Cozinhá-lo. Depois comê-lo. Com parcimônia, para não dar indigestão.”
Milton Lins


        Certa vez, fiquei pensando sobre o nosso tão delicioso Bolo de Rolo e percebi que não sabia quase nada sobre o mesmo. Vou contextualizar na primeira sessão do post, um pouco sobre a história dos bolos, em geral; em seguida, falarei especificamente sobre o Bolo de Rolo. Vamos aos fatos!

        Três anjos se dirigiram à casa de Abraão e Sara para anunciar que, mesmo velhos, teriam filhos. De acordo com a Bíblia, Abraão pediu à mulher: “Depressa, amasse três medidas de flor de farinha e faze bolos” (Gênesis, 18,6). Por esse tempo, qualquer massa adocicada era indistintamente chamada de pão ou bolo. Naquela época, não existiria melhor maneira de celebrar com os visitantes uma dádiva que era concebida por Deus. 

Assim como Abraão e Sara, os homens vêm repetindo este gesto de comunhão, em volta de bolos, ao longo da história da humanidade. Os primeiros registros remontam à Palestina, 7.000 anos antes de Cristo, quando encontraram painéis ilustrando a confecção de pães e bolos na pirâmide do faraó Ramsés II. Com os gregos a pastelaria começou a ser valorizada, ganhando novas formas na decoração e apresentação. Usavam farinha, mel e queijo branco ou azeite, que mais tarde seria substituído por manteiga. No bazym, um tipo de bolo mais sofisticado, acrescentavam-se ameixas, figos secos, nozes, romã e uva. 

        Os romanos só vieram se interessar pela pastelaria bem mais tarde, quando importaram profissionais gregos. Novos bolos foram criados a partir de então. O libum, feito com uma libra (equivale a 0,4535923 quilograma) de farinha, duas libras de queijo e um ovo. O spherita, com forma esférica e frito. O confarreatio, servido no confarreo, casamento solene, com dez testemunhas. E o placenta, feito com queijo e mel, em camadas sobrepostas.

        O colonizador português quando aqui aportou, trouxe consigo suas próprias receitas. Algumas permaneceram conforme as receitas lusitanas. Entretanto, algumas tiveram que ser adaptadas, substituindo alguns ingredientes que só existiam na cozinha da Corte, pelos ingredientes da nova terra. O primeiro bolo que aqui chegou, foi um bolo seco de amêndoas, conhecido como farteis, que foi servido aos índios, mas que não fez sucesso algum. 

        Com as adaptações ocorridas, em terras pernambucanas, surgiram dentre outros o tradicional Bolo de Rolo, a partir de uma adaptação do bolo colchão de noiva português- trocando o recheio de amêndoas por goiabada e retirando o fermento da massa. Passou-se a enrolar esse bolo em camadas bem finas, com o auxílio de um rolo, por isso seu nome.
                                                                             

 
           Pelo fato de ter alcançado sucesso nacional, o bolo é produzido pelas diversas cozinhas brasileiras, entretanto, os que mais se destacam, pelo sabor, aroma, textura e sobretudo, pela delicadeza ao enrolar as camadas são os produzidos em nosso Estado. Pelo seu valor e sucesso o Bolo de Rolo em 2008 passou a ser considerado Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Pernambuco.

        Agora que ficamos conhecendo um pouco da história desse bolo tão saboroso, pegue sua receita, faça seu bolo e reúna sua família, os  amigos e saboreie essa verdadeira obra da gastronomia pernambucana.  



Por Luis Eugênio Alves de França!


Disponível em:
CAVALCANTI, Maria Letícia Monteiro. História dos Sabores Pernambucanos/ Maria Letícia Monteiro Cavalcanti. Recife: Fundação Gilberto Freyre, 2009.



1 comentários:

Anônimo at: 23 de julho de 2013 às 00:12 disse...

MINHA TIA FAZ ESTE BOLO E É UM MANJAR DOS DEUSES.HUMMMMMMMMMMMMMMMM DELÍCIA.

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