Chefs de cozinha adotam ingredientes regionais cultivados por pequenos agricultores do país.
Foi no restaurante do chef de cozinha Alex Atala que muitos ingredientes brasileiros ganharam fama internacional. O cozinheiro, considerado um dos melhores do mundo e conhecido por sua dedicação à culinária nacional, colocou na mesa da alta gastronomia farinhas das mais diversas, o tucupi, a priprioca, a manteiga de garrafa, e sempre foi interrogado por colegas sobre como conseguir com mais facilidade esses e outros produtos regionais.
A resposta veio com a vontade de tirar os sabores brasileiros do anonimato e incentivar produtores agrícolas a cultivar itens diferenciados, que se perdem no grande mercado por entraves burocráticos e logísticos, dificuldades na negociação com pontos de venda e na divulgação aos consumidores. Aliado à empresa de alimentos MIE Brasil, Atala ajudou a desenvolver a marca Retratos do Gosto, que pretende ser um movimento de chefs do país com o intuito de promover e valorizar a produção nacional.
A resposta veio com a vontade de tirar os sabores brasileiros do anonimato e incentivar produtores agrícolas a cultivar itens diferenciados, que se perdem no grande mercado por entraves burocráticos e logísticos, dificuldades na negociação com pontos de venda e na divulgação aos consumidores. Aliado à empresa de alimentos MIE Brasil, Atala ajudou a desenvolver a marca Retratos do Gosto, que pretende ser um movimento de chefs do país com o intuito de promover e valorizar a produção nacional.
A marca irá comercializar ingredientes do Brasil indicados por cozinheiros que desejam “apadrinhar” produtores rurais. O primeiro escolhido foi sugerido por Atala e os demais deverão ser também indicações de outros chefs que desejarem se juntar ao projeto. A Retratos do Gosto pretende remunerar de forma justa o agricultor, pagando um preço melhor do que o praticado no mercado, e oferecer apoio financeiro para uso em assistência técnica na lavoura e projetos no campo onde o cultivo está inserido. O apoio será de 25% do resultado que o produto gerar e será “doado” pelo chef, que abre mão de sua contrapartida financeira.
“Tem muita coisa boa, coisa nossa, que a gente não conhece. A Embrapa nos diz que há quase 250 variedades de mandioca no Brasil. Uma delas, por exemplo, seria cor de laranja e doce, mas eu não consigo encontrar isso em lugar nenhum”, diz Atala.
Gustavo Succi, um dos sócios da MIE, conta que a ideia é dar visibilidade à agricultura brasileira, resgatando e dando acesso a ingredientes de qualidade. Ele afirma que o investimento feito pela empresa – que fica responsável por gestão, embalagem, marketing e distribuição dos alimentos – para o lançamento do primeiro produto foi de R$ 500 mil.
Miniarroz
Produzido pelo agricultor Francisco Ruzene, de Pindamonhangaba (SP), o primeiro produto a ser comercializado pela Retratos do Gosto é o miniarroz, cereal cujo grão é o menor do mercado e possui textura macia. Fruto do estudo de Ruzene com o pesquisador aposentado do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) Cândido Ricardo Bastos, já falecido, o miniarroz tem origem japônica e é uma variação natural do cateto integral. Em 200 hectares arrendados, o produtor mantém, além da lavoura, um centro de pesquisas com mudas de 100 variedades em teste. Foram cinco anos selecionando as melhores sementes de cada safra do pequeno grão. A primeira produção comercial teve plantio realizado em agosto do ano passado, com colheita em dezembro. No entanto, Ruzene acredita que o melhor ciclo para cultivar arrozes especiais no Vale do Paraíba é entre janeiro e abril, quando a temperatura na região é mais amena. “Ainda estamos em busca de um calendário agrícola, já que as variedades especiais são novidade. Vamos testando”, explica.
A região sofria com a baixa produtividade do grão comum em comparação às lavouras do sul do país. Apesar da desvantagem, os produtores continuavam insistindo. Foi quando, há oito anos, Ruzene decidiu investir em novas variedades e começou a produzir o arroz preto, um dos principais produtos de sua marca, a Arroz Preto Ruzene. Sem saber para quem vender, procurou o caminho dos restaurantes e ofereceu para Atala. A aposta foi acertada. Desde então, Atala vai até a fazenda, testa no campo mesmo os grãos e ajuda a divulgar os produtos do amigo agricultor.
Toda a primeira safra do miniarroz – cerca de 35 toneladas – foi vendida para a Retratos do Gosto, afirma Gustavo Succi, que de três em três meses planeja lançar um novo ingrediente brasileiro. A embalagem de meio quilo deve chegar ao mercado no valor de R$ 14 e a de um quilo vai custar R$ 23. A marca tem exclusividade de comercialização por dois anos e já fechou contrato com estabelecimentos em São Paulo.
Contente com o negócio, Ruzene quer transformar o Vale do Paraíba em referência na produção de arrozes especiais e diz que vai usar os 25% do valor que receberá para pesquisa de novas variedades. “Eu tenho o compromisso de oferecer a semente, o apoio técnico e comprar dos produtores; eles têm o compromisso de vender para a Ruzene. Minha idéia é que o vale seja um grande produtor de espécies exóticas”, planeja. O próximo alimento a ser lançado pela Retratos do Gosto é uma amêndoa de cacau, da Amma Chocolates.
É bom sentir que realmente nossos produtos brasileiros estão sendo valorizados, como Laurent fala em seu livro, o Brasil tem uma enorme riqueza nos seus produtos apenas basta explorá-los, e cada vez mais vemos chefs preocupados com essa valorização. E espero que nós brasileiros, também possamos promover essa valorização do que é nosso.
Fonte:
Postado por Joseane Azevedo.
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