De onde surgiu a tradição do Bolo de Casamento?

terça-feira, 17 de abril de 2012

        Como já mencionei em outra postagem, desde pequeno ajudava minha mãe na padaria em que ela trabalha em Orobó, e assim fui sendo seduzido cada vez mais pelo mundo da Gastronomia. Ela gosta de cozinhar de tudo e faz umas comidas DELICIOSAS; de dar água na boca de qualquer pessoa. 

        Uma de suas aptidões gastronômicas é fazer Bolos de Casamentos, que modéstia parte fica uma DELÍCIA, quem já experimentou sabe do que estou falando. Mas de onde surgiu essa tradição? Vejamos um pouco de história.

        Leonardo Da Vinci (1452-1519) decidiu pedir emprego a Ludovico Sforza, Il Moro, governador de Milão. E escreveu carta se apresentando assim: “Sou insuperável construtor de pontes, fortificações, catapulas e artefatos secretos. Minhas pinturas e esculturas podem comparar-se às de qualquer artista... E, sobretudo minhas tortas e meus bolos não têm comparação”. Foi contratado na hora. E viveu na cidade por volta de 30 anos como mestre de banquetes e conselheiro de fortificações. 

        Para o casamento de Ludovico, preparou aquele que seria o maior e mais diferente bolo de todos os tempos. Conseguiu apenas atrair ratos e pássaros. Tantos que o bolo acabou destruído, o casamento adiado e Da Vinci, coitado, posto no olho da rua. Mas a história do bolo de casamento surgiu bem antes desse tempo.

As primeiras notícias que temos da confecção de bolos nas núpcias remontam a Roma Antiga. Os romanos, detentores então das técnicas de fermentação, produziam um misto de bolo e pão recheado de frutas secas, mel, nozes e especiarias. Em seus primórdios, esses bolos tinham quase sempre a forma de pássaros. Flambados, deveriam arder enquanto durasse o álcool, para afastar maus espíritos. O noivo comia parte de uma fatia, esmagando o resto na cabeça da noiva [imagine hoje, com todos os cuidados que elas têm em escolher um penteado, entrariam em desespero, rsrsrs]- simbolizando o romper do hímen, e sinal daqueles tempos, o domínio do homem sobre a mulher, simbolizando ainda, a fertilidade do casal, atualmente representada pela “chuva” de arroz. 

Na Idade Média, vingou o costume de empilhar vários pequenos bolos trazidos pelos convidados. Surgia assim, meio por acaso, o bolo em andares. Pela primeira vez, oficialmente, no casamento da florentina Catarina de Médici com o futuro rei Henrique II, da França, em 1533. Ao final do século XIX, quanto maior e mais detalhes tivessem o bolo mais importante seria a festa. Chegavam a ter 200 Kg e mais de dois metros de altura.

Passou o tempo e o bolo de casamento manteve nobreza e simbolismo. Há, nele, todo o mistério que marca o próprio ato de duas pessoas unirem seus destinos. E o ritual que lhe cerca é parecido em toda a parte. A primeira fatia deve ser cortada pelos noivos, mãos juntas e já com alianças- representando, em sua forma redonda, a própria eternidade, ausência de começo ou fim. Têm todos a cor branca na cobertura- simbolizando pureza e virgindade. São brancos, hoje, os vestidos de noiva, imitando os bolos por conta da rainha Vitória. 

No Brasil, os bolos de casamento tem preparos diferentes. No Sul, com massa branca e recheios variados- ainda herança do colonizador português. Diferentes dos de Pernambuco, com massa escura à base de vinho, ameixas, passa e frutas cristalizadas- herança britânica que chegou a bem poucos lugares do Brasil. Tudo coberto com pasta de amêndoas e recoberto com glacê branco- herança inglesa da época da rainha Vitória. A moda chegou a Península Ibérica em 1906, com o casamento da princesa Vitória Eugênia de Battenberg, neta da rainha Vitória, com rei da Espanha, Afonso XIII. Sendo, por fim, decorados com flores em relevo, feitas de goma e açúcar- herança da Ilha da Madeira.


       Com o transcorrer do tempo, as técnicas foram se aperfeiçoando e atualmente existem bolos dos mais variados estilos e sabores que se adaptam ao paladar personalidade das pessoas. O difícil é quando chegar o tão sonhado dia do casamento escolher o bolo que melhor se enquadre no estilo de sua festa. Quando forem casar me procurem ou procurem minha mãe e façam sua encomenda, rsrs!

Esse é muuuito diferente! 

Por Luis Eugênio Alves de França!


Disponível em:
CAVALCANTI, Maria Letícia Monteiro. História dos Sabores Pernambucanos/ Maria Letícia Monteiro Cavalcanti. Recife: Fundação Gilberto Freyre, 2009.



1 comentários:

{ Facecook } at: 18 de abril de 2012 às 04:29 disse...

Eu acheva que o "nosso" bolo de noiva, do jeito como conhecemos, tivesse sido uma recita vinda do oriente com a família Asfora!

Inclusive... achava que era por isso que o bolo de noiva do Papaya Verde é tão famoso!!

(Sofia)

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