Holandeses vendem sobras de comida para driblar crise

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Durante o auge da crise financeira internacional, a Holanda parecia estar lidando relativamente bem com as ondas de problemas econômicos.
Mas, agora, depois da queda do governo do primeiro-ministro Mark Rutte por discordâncias sobre cortes no orçamento, os sinais dos efeitos da crise ficam cada vez mais claros no país.

Cada vez mais holandeses têm recorrido a doações de alimentos 


Muitos holandeses vêm usando soluções criativas para driblar a crise, como vender o que sobra da comida feita em casa ou frequentar bares onde se pode levar a própria refeição.

Outros recorrem a doações de alimentos. Fome não é um conceito geralmente associado a países ricos europeus, mas a economia holandesa está em recessão e o índice de desemprego chegou a 6%, o índice mais alto em seis anos.

Uma em cada seis famílias tem dificuldades em pagar a conta do supermercado.
Em Amsterdã, uma das soluções é se juntar às filas em frente a um dos cinco "bancos de alimentos" da cidade, onde voluntários organizam doações para quem precisa.

"Recebemos cerca de 1,3 mil famílias por semana aqui. A demanda vinha crescendo já havia algum tempo, mas agora vemos um aumento mais acentuado", disse à BBC Piet van Diepen, do Banco de Alimentos de Amsterdã.

"Estamos vendo os efeitos da crise. Essas pessoas estão sem emprego, têm pouco dinheiro e muitas dívidas. O governo está diminuindo os benefícios também, então as pessoas precisam vir aqui", diz ele, acrescentando que, hoje, 60 mil pessoas em toda a Holanda dependem dessas doações.

Uma das primeiras da fila é Petra, que diz que os 40 euros (R$ 100) por semana que recebe do governo não são suficientes para alimentar a família. Segundo ela, sem as doações, ela seria forçada a roubar.
"Há muita pobreza na Holanda, mas ela está escondida, ninguém sabe."

 

  

Culinária contra a crise



Após perder emprego, Denise cozinha para sobreviver
















Do outro lado da cidade, Denise Dulcic, de 32 anos, nem cogita a possibilidade de comer fora.
Quando o governo cortou os gastos com educação para crianças com necessidades especiais, ela perdeu seu emprego como psicóloga infantil e ainda não conseguiu achar outro trabalho na área.


"Agora, cozinho para sobreviver. Eu tenho qualificações, mas não há mais empregos", diz ela, que decidiu fazer parte de um programa chamado "Mesa para Dois", em que as pessoas preparam sua própria comida e vendem as sobras.
Além disso, ela criou um negócio que combina culinária e terapia.

"É difícil conseguir pagar meu aluguel, que é muito alto. Cozinhar é minha paixão, mas eu estou fazendo isso porque é a única maneira de sobreviver."

Com os políticos holandeses em uma difícil negociação para cortar mais 9 bilhões de euros (RS 22 bilhões) do orçamento, cada vez mais pessoas no país vão ter de lutar para evitar ter suas vidas completamente transformadas pela crise.

Mesmo com essa crise as pessoas ainda encontram um meio de se divertir sem deixar a crise atrapalhar suas vidas e ainda gastar pouco, no Basis Bar, onde o cliente pode levar até sua própria comida.







Postado por Joseane Azevêdo.

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